Tchau apps: de volta ao papel

Desde sempre carreguei cadernos comigo, mais para desenhar letras do que escrever, se você me entende. Mania de designer. Escrever, eu escrevia em inúmeros apps. Um para anotações de reuniões, outro para gerenciamento de tarefas, outro para monitorar hábitos pessoais (quantos dias eu consigo ficar sem Coca-Cola?). Este ano, porém, abandonei todos eles e os troquei pelo papel.

Aos 38 anos, eu descobri o que várias adolescentes já conhecem, o #bulletjournal.

É o oposto de revolucionário, disruptivo ou explodidor-de-cabeças organizar a vida com papel e caneta, mas este método – formalizado por Ryder Carrol, que tem dificuldades de aprendizado e concentração, e é um designer que também gosta de caderninhos – fez um impacto na minha vida.

Nós sabemos, cientificamente, que escrever à mão exige muito mais do nosso cérebro do que quando pressionamos botões em teclados, reais ou virtuais, e por isso, retemos muito mais aquela informação. Escrever à mão é um processo mais lento e isso, que parece uma desvantagem, é o seu grande trunfo: nos força a refletir mais sobre o que iremos escrever, como e por quê. Ficar longe das telas e ter este espaço para pensar é, por si só, extremamente produtivo.

Outra vantagem em relação a qualquer app é que o seu caderno é tão flexível quanto ele precisa ser, para você. Cada um tem um jeito e todos os apps são projetados para uma massa genérica de usuários. O seu caderno é seu. No meu, num único lugar, eu tenho todas as informações sobre todos os projetos que estão rolando, todas as tarefas que fiz, que tenho por fazer e até quando; livros que li, que estou lendo (e resumindo ali mesmo) e os que ainda quero ler; os amigos que quero ver mais (e quando os vi) e os hábitos que quero controlar (hoje, são 95 dias sem Coca-Cola). Registre e avalie o passado, organize o presente, e crie o futuro.