Somos a Fabio Haag Type
Há 4 anos, quando saí da Dalton Maag para fundar a Fabio Haag Type, desejava fazer tudo sozinho. De certa forma, sempre preferi assim. Do colégio até a universidade, trabalhos em grupo não me deixavam à vontade. Esportes coletivos também não, mas neste caso, havia uma razão clara: a minha falta de habilidade para eles. Quando os amigos jogavam futebol, eu era um goleiro “ok”.
Essa atitude individualista me serviu bem e sou muito grato até onde ela me trouxe. Mas hoje, a enxergo como uma grande limitação. Me bateu como um tapa na testa a frase do David Allen, “Você pode fazer qualquer coisa, menos todas as coisas”. É óbvio, não? Pois é…
Lembro de passar dias tentando acertar o hinting de uma fonte (e falhando miseravelmente), antes de convidar o Henrique Beier para ajudar, e perceber o óbvio: ele faria de forma muito melhor que eu. Há mais de 2 anos ele faz a engenharia de todos os projetos da Fabio Haag Type. Além disso, contribuiu com seu olhar maduro e inventivo como designer em inúmeros projetos. No início deste ano, a Ana Laydner chegou na equipe (sim, é uma equipe agora!). Uma designer incrível. Abraçou e resolveu com maestria um desafio gigante (suas letras poderão ser lidas na Rússia em breve, é tudo que posso dizer por enquanto). Em Agosto, o Eduilson Coan veio para somar em vários projetos. Um grande nome do design tipográfico nacional, com mais de 10 anos de experiência. Todos eles são, acima de tudo, seres humanos que eu admiro muito.
Ao final de cada reunião do nosso Banco de Cérebros – formato da Pixar que fiz questão de roubar até o nome, para não nos esquecermos de onde veio –, eu me reclino na cadeira e penso comigo mesmo, “Que coisa maravilhosa estamos construindo aqui”.
Para fazer isso acontecer, a relação profissional precisava funcionar para todos. A foundry de cada um deles permanece operando, em paralelo. Aqui, há autonomia total com horários, flexibilidade, valor/hora acima da média e participação nos lucros. Acredito em criar um ambiente onde as pessoas trabalham porque querem, porque estão realmente engajadas e, acima de tudo, livres.
“Marcas fortes, tipos expressivos” não é apenas um novo slogan, ele resume nossa atitude de pensar o design orientado para resultados de negócios. Para as marcas fazerem uso de seu valor, elas precisam se destacar e ser facilmente reconhecíveis; num mundo onde os pontos de contato são complexos e a identidade é fluida, a tipografia pode ser o elemento-chave para o sucesso da marca.
Defendo isso desde a nossa fundação, em 2016. Não é apenas uma promessa de marca, é história. No início do ano, após o lançamento da tipografia sob medida, o Bradesco foi a marca mais valiosa da América Latina. No ano de lançamento da tipografia modificada, a Magalu foi a marca com maior valorização (46%). Nesses quatro anos, criamos para algumas das marcas mais valiosas do Brasil, e até velozes unicórnios. Colaboramos com os grandes estúdios – Ana Couto, CBA, FutureBrand, Interbrand, Landor, Superunion, Tátil, entre vários outros –, aqui e no exterior.
Hoje, somos um estúdio tipográfico. E eu não poderia estar mais feliz de fazer parte deste grupinho.
(Faço questão de agradecer e creditar aqui: Johnny Brito pela nossa nova identidade visual, à Trinca pelo novo website, ao Adilson Júnior pela sua ajuda com as palavras, e à Karine Haag pelas traduções).