Designer ou Empresário?
Minha tentativa de escrever sobre o livro The Creative Act: A way of Being, do Rick Rubin, que tomou um caminho próprio completamente diferente. E esse é o ponto.
Você está agora escaneando este texto rapidamente, já me julgando e nos próximos 5 segundos vai decidir se vale à pena gastar os 2 minutos e 30 segundos que levam para ler tudo, ou se deve investir este tempo em algo mais útil. A corrida virou maratona e parece que ninguém teve sequer tempo de perceber isso. A novidade é lançada hoje no Vale do Silício e na semana que vem até os meus pais já ouviram falar dela no Fantástico.
Eu tenho corrido na pista de aprendizado sobre gestão e negócios. No formulário do hotel, preencho que sou Designer, mas isso soa mais como uma auto-afirmação de que não deixei de ser quem eu fui. Na real, eu tenho curtido muito aprender a construir um negócio. Designers e criativos em geral tendem a achar isso a antítese da sua essência.
Nessa trilha de Harvard Business Review, podcasts de gestão, tecnologia, reports da McKinsey, Edelman, cursos em EdTechs em que os outros alunos são líderes na Netflix, Google e Meta, é fácil se perder e achar que estamos sempre atrás. Então julgamos conteúdos em menos de 5 segundos e ouvimos livros enquanto corremos (pra relaxar?). E foi exatamente por este contexto que o livro do Rick Rubin, The Creative Act: A way of Being, bateu tão forte no meu coração. A Debbie Millman o descreveu como uma “Carta de amor à criatividade” (Ainda escuto podcasts de design, viu?).
Para quem não é fã do Red Hot Chilli Peppers e nunca ouviu falar do Rubin, além de produzir 6 dos álbuns da minha banda favorita, ele foi escolhido pela MTV como o mais importante produtor dos últimos 20 anos. A revista Time o nomeou como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Ele já ajudou artistas desde o Beastie Boys até a Adele, o Johnny Cash e o System of a Down a encontrarem seu som.
Ao ler o seu livro inaugural, eu não esperava encontrar tantos paralelos e lições (foi útil deixar a Fast Company de lado, pensa o Fabio que preencheria Empresário no formulário do hotel). Não darei spoilers pois são tantas reflexões fascinantes que você precisa ler pelas próprias palavras do Rubin. Mas um tema constante em muitos capítulos é sobre desacelerarmos. Calma. Respire. De novo. A inspiração está aí, para quem quiser receber. Permita-se prestar atenção, de verdade. Deixe-se levar. E foi aí que descobri que não preciso ser um designer ou um empresário. Eu serei melhor abraçando um pouco das duas coisas. O racional e o intuitivo se complementam, nenhum deve ser maior que o outro.
Aprender sobre gestão não significa aplicar suas lições. Perdi as contas das vezes em que li coisas que achei completamente absurdas, mas li. Aqui no estúdio, por exemplo, não temos metas e isso nos coloca num nível baixo de maturidade segundo autoridades da área.
Mas, é preciso conhecer as regras, para saber quebrá-las. Até parece coisa de designer, não é mesmo? Obrigado Rick Rubin.
Foto por Mike Blabac, @blabacphoto